
A Câmara Municipal da Boa Vista vai apresentar ao Governo um plano de emergência para mitigar as consequências do mau ano agrícola na ilha.
Nessa ilha as precipitações pluviométricas foram praticamente nulas, salvo alguns chuviscos que se registaram algures, que, entretanto, não contribuíram para a recarga dos lençóis freáticos nem tão pouco para a germinação de pastos.
Na zona do norte, em particular, na freguesia de São João Baptista, onde há uma forte vocação para a agricultura de sequeiro e de regadio, assim como um pouco por todo o território municipal, os solos se mantêm ressequidos, fornecendo a quem ali passa uma imagem desoladora e árida.
A má época pluviosa agora registada e, consequentemente, o mau ano agrícola, constitui, com certeza, motivo de preocupação das autoridades locais e nacionais.
De acordo com o vereador da Agricultura e Pecuária, Xisto Baptista, a situação assume foros de alarme, principalmente no meio rural, na medida em que poderá assistir-se a uma drástica redução da actividade agrícola de regadio.
“Isto poderá acontecer principalmente na zona norte da ilha, devido à previsível baixa de caudais dos poços ali existentes. Até o abastecimento em água às populações das localidades poderá ressentir-se com a seca”, reforça.
Conforme realça a situação perspectiva-se de extremamente grave já que em toda a ilha não se registou qualquer precipitação pluviométrica, o que poderá agravar ainda mais a situação dos camponeses e das respectivas famílias, devido à escassez de pastos e de água para o consumo no meio rural e para a prática de agricultura de regadio no norte.
O vereador da Agricultura e Pecuária sustenta que é responsabilidade do Município e do Estado encontrarem uma solução imediata, ainda que atenuante, para esta sufocante situação.
Xisto Baptista afirma que se torna urgente a adopção de uma política de subvenção aos agricultores e criadores de gado, de forma a ajudá-los a mitigar mais este mau ano agrícola e a relançar a sua actividade.
“A população, particularmente a rural, também está a braços com esta situação. Uma forma de a ajudar a encarar e a contornar este mau momento, consiste na abertura de frentes de trabalhos públicos, através de financiamento pelo Governo de projectos de interesse comunitário”, considera.
Doravante, a autarquia vai solicitar ao Governo que adopte um programa de emergência para a Boa Vista, com a mais brevidade possível, a fim de evitar mais sofrimentos aos boavistenses, principalmente àqueles ligados à terra e à pastorícia.
O plano elaborado pela autarquia está orçado em 25 mil contos, ressaltando actividades como apoio aos agricultores do norte na limpeza de poços e na recuperação e relançamento das suas actividades, no valor de 5 mil contos, apoio aos criadores de gado no salvamento do seu rebanho (aquisição de pasto e desobstrução e limpeza dos poços de abeberamento de gado), custando também, 5 mil contos.
Essa mitigação passa ainda pela criação de empregos através dessas actividades e ainda do calcetamento de ruas (10 mil contos) e continuação das obras do Centro Agro-Pecuário e Turístico de João Galego (5 mil contos).