A biodiversidade da ilha da Boa Vista é caracterizada pela existência de várias comunidades de fauna e flora representativas dos ecossistemas costeiros e marinhos de Cabo Verde, da qual se destaca a Tartaruga-Comum (Caretta caretta) que aqui tem a sua principal área de desova em Cabo Verde.
A vegetação costeira inclui Malpica (Sporobolus spicatus), Cakile maritima, Sesuvium sesuvioides, Murraça-Branca (Zygophyllum fontanesii) e Matinho-de-Água (Zygophyllum simplex), sendo que as espécies mais representativas nas áreas lagunares são Murraçona (Arthrocnemum glaucum), Murraça-Preta (Zygophyllum waterlotii), Murraça-Branca (Z. fontanesii), Sporobolus minutus, Malpica (S. spicatus) e Junça (Cyperus bulbosus).
A avifauna associada inclui Borrelho-de-Coleira (Charadrius alexandrinus), Pernalonga (Himantopus himantopus), Rola-do-Mar (Arenaria interpres), Tarambola-Cinzenta (Pluvialis squatarola), Perna-Verde (Tringa nebularia), Garça-Real (Ardea cinérea), Garça-Branca (Egretta garzetta), Garça-Boeira (Bubulcus íbis), Colhereiro (Platalea leucorodia),Guincho (Pandion haliaetus), Rabil (Fregata magnificens), Cagarra (Calonectris edwardsii), Alcatraz (Sula leucogaster), Rabo-de-Junco (Phaethon aethereus), Pedreiro-azul ou Painho-de-ventre-branco (Pelagodroma marina) e Jabe-jabe ou Pedreirinho (Oceanodroma castro).
As comunidades de corais ao longo da costa da ilha da Boa Vista, nomeadamente no ilhéu de Sal Rei e na baía das Gatas são das mais diversificadas e abundantes de todo o território de Cabo Verde. As espécies do género Conus apresentam uma elevada diversidade e um elevado grau de endemismo. Várias espécies de tubarões e peixes pelágicos bem como mamíferos marinhos se reproduzem nas águas costeiras da Boa Vista.
Na ilha da Boa Vista encontramos 14 das 47 áreas protegidas declaradas em Cabo Verde através do Decreto-Lei nº3/2003 de 24 de Fevereiro de 2003.
Neste momento estão a ser implementadas 7 áreas protegidas, através do Projecto de Consolidação das Áreas Protegidas de Cabo Verde (PCAPCV) cujo principal objectivo é o fortalecimento e a consolidação do sistema de AP de Cabo Verde, através da criação de novas unidades de AP terrestres e marinhas, e a promoção de abordagens participativas na gestão e conservação para garantir a sustentabilidade global dos sistemas de AP.
As 7 áreas em implementação localizam-se na parte leste da ilha e constituem o Complexo de Áreas Protegidas do Leste da Boa Vista (CAPLBV).
O Complexo de Áreas Protegidas do Leste da Boa Vista (CAPLBV) inclui áreas terrestres, costeiras e marinhas bem como algumas colinas de baixa altitude em suas zonas terrestres (como a Ponta de Chã de Tarafe e o Monumento Natural de Monte Estância) na parte oriental da ilha da Boa Vista e estende-se por uma vasta área desde a Ponta de Ajudante a sul até a Ponta de Chã de Tarafe a norte. O Complexo inclui as povoações de João Galego, Fundo das Figueiras e Cabeça dos Tarafes.
A área proposta para o CAPLBV totaliza 39.928 ha (sendo 13.179 ha de área terrestre e 26.749 ha de área marinha) constituindo-se assim no maior espaço protegido da rede de AP do arquipélago de Cabo Verde. A área de amortecimento estabelecida aumenta o CAPLBV em mais 13.754 ha, totalizando assim 53.682 ha, e foi definida de modo a incluir a povoação de Bofareira no limite norte do complexo e parte da ZDTI de Santa Mónica – Lacacão, a sul.
Fonte: Projecto de Consolidação do Sistema de Áreas Protegidas de Cabo Verde (PCSAPCV)
Preparado por: Marina Pereira Silva, Técnica de Seguimento Ecológico do Escritório Insular de Conservação da Boa Vista