Reconhecendo todas as potencialidades desse município em termos de riqueza cultural e cientes de que a gestão municipal nessa área deve estar enquadrada no complexo global da política cultural do país, as duas entidades rubricaram ontem, um memorando de entendimento.

O acordo assinado entre o presidente da Câmara Municipal, José Pinto Almeida e o ministro da Cultura, Mário Lúcio Sousa visa conferir uma autonomia ao município na gestão administrativa de todo o bem cultural desse município e também deste ser ouvido nas políticas culturais centrais.

O memorando defende ainda que qualquer projecto cultural para a ilha deve ir ao público com o conhecimento, envolvimento e aval prévios do próprio município.

Resolutos de que é necessário atribuírem maior autonomia ao município na gestão dos bens e monumentos, o memorando abrange diversas áreas para a dinamização da Cultura local.

A Escola de Música Olímpio Estrela a partir de agora deverá integrar o Sistema Nacional de Ensino das Artes, o que lhe permitirá receber o currículo e a assistência técnica do Ministério da Cultura (MC).

Por sua vez a autarquia deverá identificar músicos na ilha que poderão leccionar aulas práticas na referida escola, que vai ainda albergar a primeira Casa de Cultura da Boa Vista.

Relativamente a Biblioteca Municipal, o MC compromete-se a procurar no acervo do IBLN e do IIPC livros, sobretudo os da literatura cabo-verdiana para apetrechar a Biblioteca Municipal da ilha.

No âmbito deste memorando o edifício da antiga Alfândega, actual Centro de Juventude da Boa Vista, será transformado no Museu da cidade.

Previamente o local vai ser alvo de uma intervenção no chão e nas paredes, assim como a reposição do alpendre na parede.

Para tal deverão deslocar-se à ilha da Boa Vista técnicos do IIPC para trabalhar com a edilidade no referido Museu, no qual a sua gestão será partilhada com o município.

Por sua vez, a Câmara em concertação com o MC e o MJEDRH colaborará na transferência dos serviços instalados no edifício para outras instalações.

A chaminé de Chaves é outra área abrangida neste memorando, em que o IIPC deverá ocupar-se da sua recuperação, colocando ali uma placa identificativa com o seu historial.

Nesta senda, cabe ao MC enviar uma carta às Finanças, no sentido de proteger imediatamente o espaço circundante e em simultâneo negociar iniciar as negociações com a família Benoliel, proprietária do espaço.

A escola de Olaria do Rabil vai receber a visita de uma equipa do MC, com a finalidade de trabalhar com os responsáveis locais o design dos produtos, bem como criar/definir as condições para reiniciar o seu funcionamento como instituição de ensino.

Doravante esta escola também vai integrar o Sistema Nacional de Ensino das Artes.

No âmbito deste memorando, a capela de Fátima também vai ser recuperada num trabalho conjunto entre a Câmara e o MC.

As duas entidades vão ainda trabalhar num projecto de reabilitação e preservação do Cemitério dos Judeus.

Quanto a Igreja de São Roque serão tomadas as devidas providências para que os vitrais sejam repostos.

Ainda a partir desse memorando, o anfiteatro do Centro da Juventude de Sal-Rei vai fazer parte da Rede Nacional de Salas.