A Câmara da Boa Vista defende um turismo integrado e que beneficie mais a população da ilha, pelo que vai, em 2015, apostar forte nas comunidades criativas, disse o director de Turismo e Cultura, Gilson Barros.

Para o efeito, informou esse responsável, a Câmara está a introduzir o conceito de comunidades criativas, que preconiza a estruturação das comunidades locais orientadas para o sector para que sejam capazes de gerar o seu próprio rendimento e tirar proveito do turismo.

Os boa-vistenses, nas diversas localidades, devem oferecer como ponto forte os aspectos típicos que caracterizam cada uma delas, afirmou Gilson Barros, que está consciente de que este desafio passa pelo empoderamento das comunidades locais.

Numa primeira fase, a autarquia vai investir na sensibilização e informação da população de todas as localidades para conseguir o seu envolvimento a 100%, salientou.

“Nós queremos transferir as responsabilidades para as pessoas para que sejam elas próprias a realizar essas actividades nas suas localidades”, explicou o director de Turismo e Cultura, para quem a câmara pode ser um parceiro nesse processo.

O objectivo, segundo Gilson Barros, é, juntamente com os boa-vistenses, ‘construir’ um modelo próprio de turismo criativo na ilha, ao que se seguirá a implementação de medidas concretas rumo à criação de comunidades criativas.

Admitiu, contudo, que a criação de associações locais de desenvolvimento constitui uma das condições básicas para a efectivação desse projecto e que as organizações comunitárias poderão mais facilmente torná-lo realidade.

Instado sobre que produtos podem ser oferecidos pelas comunidades a serem criadas, o director do Turismo e Cultura falou de uma eventual rota do queijo do norte, que poderia ajudar o turista a conhecer o processo da sua produção, desde a recolha da matéria-prima até ao consumo.

Tratando-se de uma ilha que pode oferecer mais do que sol e praia para os seus visitantes, vê com bons olhos a potenciação da olaria local, cujos produtos têm tido, há décadas, boa aceitação por parte de nacionais e estrangeiros.

“Há que torná-la um valor acrescentado à tradicional oferta turística, criando, por exemplo, uma marca da Boa Vista para os produtos de artesanato”, aconselhou, para acrescentar que o artesão terá também melhores condições para tirar proveito das suas criações.

Mas todas essas ideias devem ser socializadas com as diferentes comunidades da ilha, lembrou Gilson Barros, que é optimista no que respeita à adesão dos artesãos e demais criadores.

“No entanto, temos que ter em conta que há sempre resistência às mudanças”, referiu, ao realçar que se trata de um conceito novo, pelo que é necessário trabalhar muito com todos, para que possam reconhecer a importância desse projecto para a sua vida, para a ilha e o próprio país.

A música é um dos produtos acarinhados pela Câmara, que assinou, em Setembro, um memorando com o Ministério da Cultura, que vai ajudá-la a organizar e estruturar a escola de música Olímpio Estrela, disponibilizando apoios em recursos humanos (monitores e professores) e meios logísticos.

A preservação do património histórico e cultural da ilha é outra área que vai ser objecto de apoio por parte do Governo, afirmou Gilson Barros, assinalando os sítios históricos, nomeadamente o chaminé de Chaves, a igreja de Fátima e o cemitério dos judeus.

Existe ainda a promessa de transferência da Alfândega velha, actual Centro de Juventude de Sal-Rei para a Câmara, que a vai transformar num museu, afiançou o director de Turismo e Cultura.

Adiantou ainda que, no próximo ano, a vida cultural da ilha vai ficar mais rica, dado que deverá abrir as portas o centro de artes e cultura, cujas obras vão ficar prontas até ao final de 2014, com a promessa de ser um dos maiores espaços de arte e cultura do país, restando concluir o cine-teatro de Sal-Rei.